segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A OPORTUNIDADE E A POSSIBILIDADE


A chuva fina que cai na cidade convida a ficar no frio silêncio do seu quarto. Aprecia o silêncio. Precisa dele. Artigo raro. Agora olha pela janela e só vê concreto, nada além de concreto.
Os dias frios chuvosos se são por um lado, apagados, por outro, trazem o cálido silêncio necessário para que se permaneça em paz. Ali, sozinha, outra coisa que aprecia e que ultimamente tanto lhe desagrada.
Escolheu ficar um tempo assim, hibernando. Foi necessário por questões pessoais. Tudo irá passar, sabe que é só uma fase, das muitas que a incomodavam e que refletia malignamente nos seus atos, palavras e humor. Vai passar.
Quer as pessoas, quer andar pela noite, beber, perder um pouco dos sentidos e do juízo, dançar de qualquer maneira, sentir o perigo das madrugadas, voltar para casa com um sorriso cínico sob olhares reprovadores. Quer a perturbação. Mas não queria a paz?
O silêncio e a solidão a fazem escutar vozes, vozes que ela sabe muito bem de onde vêem. De dentro. Vozes que não escuta na perturbação. Não dá ouvidos. As vozes atormentam e fazem maquinar idéias absurdas, obscuras, obtusas, diminutas. Por que as perturba?
Não sabe o que sente. Se é que sente. Outro dia mesmo falou que não queria mais sentir e mergulhou seu coração abaixo de 0°. Está indiferente. Ou finge estar. Não pensa em possibilidades, não quer pensar. Só enxerga defeitos, chateia-se à toa, incomoda-se por nada. Se acha superior e inferior na mesma frase, algo lhe desagrada. Não quer esperar, já esperou anos a fio.
Existem duas coisas: a oportunidade e a possibilidade. A oportunidade está aí, o momento aparentemente ideal, apesar de não perfeito. Mas que pode se tornar. Seria a maldita carência?
A possibilidade começa a surgir, pequena, mas possível, rondando como um lobo seus pensamentos, flertando consigo, espetando por dentro, como se pudesse ser.
Mas será?

2 comentários:

Nana disse...

A verdade é que quanto mais proclamamos que queremos a paz, mais longe dela estaremos e no fundo no fundo queremos algo maior e melhor, que bagunce nosso sossego. Sei BEM o que é isso!

Eu me identifiquei tanto com a última parte do seu post que prefiro comentar diretamente contigo, fora da Internet.

Boa sorte, Chris. Para nós duas.

Anônimo disse...

Como sabe, ou deveria saber, tenho muita preocupação e medo pelo caminho que está seguindo. Ele é muito perigoso, e nem sempre conseguimos ser fortes o suficiente para nos mantermos reto e em direção à algum lugar. Espero que você seja esse tipo de pessoa que penso. Cuidado com toda a ilusão e falsas imagens que sempre aparecem para aqueles que andam como você o faz. Conte sempre comigo, estou confiante na sua força, espero que ela seja aquilo que eu creio ser. Qualquer coisa, estarei sempre no meu lugar. Beijos...