terça-feira, 23 de setembro de 2008

MITOS E LENDAS URBANAS SOBRE SEXUALIDADE

Hoje vindo para o trabalho, sentado ao meu lado no ônibus, uma rapaz folheava aquele jornaleco com pouca informação e muita bunda. Não me contive em passar o rabo (me perdoem o trocadilho) de olho, na notícia que estava entretendo o rapaz. Com uma manchete instigante lia-se: " Sem perder o selo" e logo abaixo a foto sensual de uma morena com roupa ousada. Estiquei mais ainda o meu olho no jornal alheio para ler a reportagem, que parecia ser interessante, ao julgar pelo sorrisinho constante do rapaz e completa concentração.
A tal morenaça chama-se Carol Miranda, intitulada sobrinha de Gretchen (como se isso lá fosse grande coisa a acrescentar), se dizia 'virgem' e que iria estrelar um filme pornô e continuaria...virgem! Como isso é possível? Fazer um filme pornô e continuar mocinha pura de família? Simples, praticando somente sexo anal. Ah, tá!
No mesmo dia leio que Ângela Bismarck vai virar mocinha nas mãos do personal marido cirurgião. E mais, Daniele Hypólito confessando que ainda é virgem aos 24 anos.
Não é de hoje que virgindade é artigo de luxo e raro. Lá fora, ganha status de obra de arte, ao ser leiloada. Mas o que é 'ser virgem'?
Cientificamente, diz-se que é aquela pessoa que nunca teve relações sexuais com penetração vaginal. Aquela que não teve seu hímen maculado. Mas e outros tipos de sexo? Sexo não é só penetração vaginal. Deixaria então, uma pessoa de ser virgem através de outros meios?
Se uma pessoa resolve preservar sua virgindade porque quer 'guardar' sua intimidade para alguém 'especial' e um 'momento' mais adequado e que esteja 'preparada' não me soa muito coerente praticar sexo anal em troca de dinheiro com um desconhecido. Que diferença existe? A porta dos fundos e a porta da frente? Os argumentos nobres e românticos caem por terra e soam como marketeiros.
Para mim, castidade e virgindade está mais contido nos sentimentos do que na anatomia. Ser virgem é ter pureza de espírito, de sentimento, a inocência imaculada que só as crianças possuem. Não há algo mais puro que um bebê. Algo que não conhece o que é o mal. E mesmo assim, nossas crianças têm sido expostas demasiadamente à sexualidade explícita. Até mesmo as Vossas Santidades pecam no quesito castidade, apesar do apelo religioso. O celibato não é capaz de frear completamente a lei da natureza. Muitos religiosos cometem abusos sexuais e praticam a pedofilia, dando vasão a seus instintos reprimidos, trazendo à tona escândalos e outros tantos que permanecem ocultos. É humano e animal os instintos e impulsos sexuais. Não adianta reprimir esses desejos naturais, que são até mesmo, um meio de reprodução da espécie.
Hipocrisia de muitas mulheres que andam divulgando na mídia assuntos de foro íntimo, que nem deveriam ser mencionados. Como se isso fosse valorizá-las em algo. Por isso, acho que isso é uma forma de chamar atenção para si mesma. De tentar se destacar entre outras tantas, de ter algo diferente, se ser importante e única, ser desejada aos olhos masculinos que tanto cobiçam mulheres 'puras' por fetiche puro.
Quero frisar que não sou contra quem quer ser virgem. Desde que tenha propósitos não comerciais e hipócritas. Acho justo que uma pessoa queira esperar um momento e oportunidade certos e que tenha uma pessoa bacana para dividir um momento tão peculiar. Não temos que ceder facilmente. Aprecio muito certos jogos de conquista e sedução que podem ser muito prazerosos e importantes. Não se deve pular etapas tão gostosas do início de nossa vida sexual. E também não acho que devemos reprimir nossos desejos. A época em que nos descobrimos sexualmente é tão importante para que mais tarde possamos atingir a maturidade sexual.
Também não prego a promiscuidade. A fase em que as pessoas despertam para o sexo é a fase da aproximação, de conhecimento ao outro. Como é bom a fase de amasso no sofá, da mão boba, do quase flagrante, do quase 'lá', de sentimentos, emoções e hormônios em ebulição.
E sexo tem que ser feito com quem temos vontade. Não significa garantia de se manter um relacionamento, mas é uma peça fundamental da relação. Eu não acredito em nenhuma relação que envolva sentimentos, cumplicidade, amizade e amor sem sexo. Sem contato íntimo total. Se lutamos tanto para termos liberdade sexual, porque reprimir? Há que se ter o limite e o respeito.



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