terça-feira, 18 de novembro de 2008

LUZ, CÂMERA E AÇÃO!

Que o cinema nacional vive uma crise com as salas vazias, todo mundo já sabe. Apesar da indústria nacional ter feito algumas produções esse ano, parece que está faltando criatividade e diversidade.
Se na década de 80 as telas eram inundadas pelas pornochanchadas, agora o gênero "baseado em fatos reais" do submundo do crime e marginalidade abundam em nossas telas. É sempre a mesma história comovente de um menino pobre criado na favela, sem oportunidades, maltratado pela família, flertando com o tráfico e que tem fim trágico e vira mártir. Ou então a história romântica de um menino pobre da favela que se apaixona pela riquinha do asfalto. Ou mesmo as agruras de um nordestino que consegue vencer na cidade grande. É assim que o nosso cinema é representado lá fora. Nada contra nossa cultura e tradições. Mas o que nós levamos ao exterior é a imagem de um país/cidade degradada e tomada pela violência e só. E violência, cai para nós, já vivemos a realidade todos os dias.
Sinto falta de um cinema nacional de suspense, ação, terror e ficção, gêneros que passam batidos pelos nossos roteiristas. Nada contra os filmes recheados de palavrões e gírias que eu nem sei como são traduzidos para o público estrangeiro, mas já estou farta de filmes sobre a vida de alguém ou sobre alguma instituição (seja favela ou policial, mesmo que estes tenham sido bons ou aclamados pela mídia). Acho que esse formato já deu o que tinha que dá. Chega! Queremos filmes nacionais criativos, com roteiros inteligentes e com temática mais diversa e menos óbvia.
Filme que foge dos padrões americanos de terror e, ao já bom no início mas já fatigante, Jogos Mortais, e que adorei assistir foi o espanhol REC. Diferente das filmagens convencionais, ele começa com cara de documentário amador inocente, onde o telespectador vê o filme em primeiro plano do ângulo da lente trêmula do cameraman. Proposital. O espectador só vê o que ele filma. Jogos de luz, cortes e som dão o efeito dramático a cada cena que se desenrola surpreendentemente, com atores em brilhante atuação natural. Poucos atores e um único cenário que faz você entrar e participar do filme em cada detalhe da cena. Um filme para ser visto e aplaudido. Eu recomendo.