quinta-feira, 28 de agosto de 2008

AFETUOSIDADE, AMIZADE E OUTROS RUMOS

Estive pensando, em uma das minhas crises súbitas de existência, que sempre me remetem a introspecção, certo desânimo e mau humor circunstancial, sobre afetuosidade, amizade e rumos da vida.
Lendo um texto de um Blog de uma amiga, comecei a refletir sobre a relação amizade/afeto e até que ponto sou tão afetuosa e atenciosa com as pessoas e, por contrapartida, não pareço receber o mesmo.
Confesso que tenho um pouco de dificuldade em fazer amizades. Digo, amizades verdadeiras, consistentes e não coleguismos. As amizades se perdem de mim. Não continuam, somem, assumem outras formas e morrem. Muitas vezes fico a me perguntar onde errei e se tenho culpa, por ser displicente com as amizades. Será que não dei o suficiente ou elas que não tinham muito a oferecer? Eu tenho sim um pouco de culpa. Eu procuro isso de várias formas, me distancio.
Na minha infância não fiz muitas amizades. E nenhuma perdurou. Era uma criança meio isolada, tímida. Muitas vezes brincava sozinha. Minha mãe não gostava que eu brincasse na casa das coleguinhas. Não brincava na rua. Era quieta, podia ter sido mais traquina, mas não fui. Minha mãe também não gostava que fossem na minha casa. Ela sempre dominou a "arte da antipatia" até hoje. "Cada um na sua casa", ouvia sempre isso. Então inventei os amigos imaginários.
Quando entrei na adolescência minha rotina era casa/escola/casa. Lembro-me de coisinhas bobas de menina quase adolescente, troca de cartinhas de amor inocentes, brincadeiras de salada mista. Todo contato mais estreito com algum menino era visto com maus olhos.
Tive que encarar as revistas como num quartel, nas manhãs de sábado, onde era acordada às 7h e surpreendida com uma vistoria geral na minha mochila. Eram sumariamente repreendidos número de telefones suspeitos, aqueles coraçõezinhos fulano e eu (que não era eu que desenhava. Minhas amigas pegavam meu caderno e escreviam. Sempre me ferrava), nomes de meninos e até os sublinhados em caneta colorida nos títulos das matérias. Coisa que toda menina faz.
Tinha horário para chegar em casa. Não podia atrasar um minuto sem as desconfianças de sempre. Não podia parar para ter aquele "papo de corredor" depois da aula com as meninas da escola.
Festinhas americanas na casa das amigas, raramente. Quando ia, era às escondidas. De tanto me convidarem e não ir, nem me convidavam mais. Passei a figurar a lista dos excluídos e a ser conhecida como a garota que "nunca vai".
Então, passei a ser política com as pessoas, nunca me aprofundando nas relações de amizade e tão pouco as de outro tipo, por receio. Por receio não comecei muitos namoros, me esquivando, logo no princípio de algum interesse. Deixei de conhecer muita gente legal.
As outras amizades que restaram dessa época se perderam. Tomaram outros rumos. Por mais cuidado que tivesse e amor que demonstrasse. Constituíram família e distanciaram de mim, por vontade própria. Contatos cada vez mais raros.
E assim se seguiu até a faculdade, onde também não era a pessoa mais famosa da turma. Mas meus poucos amigos, antigos ou recentes, sabem que sou uma pessoa amorosa. Não tão presente como gostaria, atenciosa na medida do possível, guardo todos no meu coração. Em uns 5 anos conheci muita gente que não conheci a minha vida toda. E resolvi não me distanciar mais. Mesmo que estas pessoas se afastem com o tempo. Se isso ocorrer, é sinal de que não eram amigos de verdade. E a renovação natural se segue. Não tenho dificuldades em enterrar antigas supostas amizades que não prosperaram. O tempo é quem mostra quem são de verdade. Quem estará ao seu lado nos vários momentos da vida te ajudando positivamente. Dou o mesmo tratamento que a mim dispensam. E hoje pensei se não dispenso até demais. Se todo esse carinho incondicional é certo demonstrar. Se um dia receberei de volta quando precisar. Sou um pouco carente de pessoas.
Eu não quero viver na terra de receios, não há mais tempo para isso. Vejo tudo que se perde com os receios. Minha vida há de tomar um novo rumo. Está tomando. Muitos projetos estão na pauta, desafiadores e ousados. Conto com a ajuda do meu amigos ... os verdadeiros.

4 comentários:

Anônimo disse...

Suas palavras chegam a me trazer um pouco de tristeza e alegria pelo que você demonstrou passar e pelo momento que passa atualmente. Eu sei pouco sobre você, mas esse pouco me dá capacidade de dizer que está no caminho certo, que você é uma pessoa madura e que suas mudanças são aquelas que você realmente precisa realizar. Você tem muita força, só falta saber focalizar-las, dar rumo a ela, e correr atrás dos seus objetivos. As oportunidades uma hora surgirão, e se você continuar traçando esse caminho, estará pronta para aproveitar-la. No mais, pode contar sempre com minha recente mas intensa, valiosa e sincera amizade (pelo menos por minha parte).

Nana disse...

E a renovação natural se segue. Não tenho dificuldades em enterrar antigas supostas amizades que não prosperaram. O tempo é quem mostra quem são de verdade. Quem estará ao seu lado nos vários momentos da vida te ajudando positivamente. Dou o mesmo tratamento que a mim dispensam. E hoje pensei se não dispenso até demais. Se todo esse carinho incondicional é certo demonstrar. Se um dia receberei de volta quando precisar. Sou um pouco carente de pessoas.

Concordei muito com a idéia geral do teu post. Mas essa parte que destaquei, foi a que mais me tocou. Ando numa fase assim, de aprender a enterrar amizades improdutivas. Sofri demais a vida toda (em especial nesses últimos dois anos) dedicando atenção, carinho e amor a pessoas mesquinhas que não são merecedoras da honestidade e profundidade dos meus sentimentos.

Hoje em dia muita gente vira "melhor amigo" da noite pro dia só porque concorda com uma situação momentânea, ou porque tem tem uma opinião parecida ou mesmo estilo de vida. E o mais engraçado é ver a superficialidade e leviandade de tais relações. Amar e aceitar quem pensa igual é moleza, né? Mas o que te desafia, o que te traz outras idéias te acrescenta. O que nem sempre significa mudar a sua forma de pensar ou de viver.

Sofri muito por "perder" amigos assim, agora não mais. Quem não sabe dar valor à minha amizade (que vale ouro, posso garantir!), não a merece. E tenho sido bem mais feliz e bem menos preocupada assim.

Você é uma amiga que pretendo levar no coração pra vida inteira, mesmo que um dia eu me mude pro Kiribati e nunca mais volte. Você tem a simplicidade e sinceridade de sentimentos que casam com o meu conceito de amizade. Pensamos diferente em muitas coisas, temos estilos de vida opostos, mas isso jamais foi empecilho ou sequer motivo de desentendimento entre nós e isso não tem preço!

Adoro teus posts, teu jeito de pensar. Adoro você!

Beijo, minha amiga.

Chris disse...

A Gol faz promoção para Kiribati?
Hahahaha

Anônimo disse...

Eu entendi perfeitamente o tipo de pessoa que vc e...Claro que so com o tempo posso aprofundar me e te conhecer melhor, mas sabe, me identifiquei em muitos pontos e em principal a preocupacao com a postura em relacao as pessoas. Com certeza se os amigos se distanciam quer dizer que em algum momento perderam o interesse...Mas a amizade nao e questao de ter de se renovar o interesse de tempos em tempos...rs Ou vc gosta ou nao!
Nao lamente esse tipo de amizade que muda e se transforma ou some.

Aqui eu proponho a vc uma amizade solida de um cara que passou por muita coisa que vc passou e q te entende...abraco